A Fazenda Bosque Defumado Apresenta: Uma História de Véu de Inverno — Parte 2

por Smokywood Pastures em December 18th às 9:00pm

A Fazenda Bosque Defumado Apresenta: Uma Apresentação da Fazenda Bosque Defumado de "Uma História de Véu de Inverno", trazida até você pelo Bolo de Frutas com Carne Moída de Gracco — preservado desde sabe lá quando! "Aquela que controla o bolo de frutas controla o mundo!" Narrada por Guccie "Dindim" Goubel, da própria Fazenda Bosque Defumado.

Aqui fala Guccie "Dindim" Goubel da Fazenda Bosque Defumado, de volta para continuar nossa história! Como vocês estão lembrados, nós nos separamos de Atanásio Lunfas depois da visita do fantasma de Clolélio, seu antigo sócio. Clolélio não estava muito satisfeito com a falta de empenho de Atanásio na divulgação das delícias da Fazenda Bosque Defumado. Como é que nós aumentaríamos a margem de lucro anual se cada um não fizesse sua parte, afinal? 

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Ainda na cama, Atanásio se perguntava se não tinha imaginado toda aquela conversa ou se receberia mesmo outras visitas fantasmagóricas. E três, ainda por cima! Ele não se sentia muito disposto, para ser franco, e irritou-se porque não poderia contar seu ouro em paz a noite inteira, como de costume.

O relógio do quarto anunciou uma hora da manhã, sua sineta um lembrete do aviso de Clolélio. Atanásio torceu para que o primeiro espírito fosse pontual, assim eles agendariam uma visita ao representante da Fazenda antes da chegada do seguinte.

Uma luz se infiltrou por entre as cortinas pesadas que margeavam a cama. O conforto da cama e das cortinas não era de fato necessário. É provável que a rebimboca de ouro maciço tampouco fosse, mas que Atanásio gostava dela, isso ele gostava.

Ele abriu as cortinas e olhou ao redor do quarto, não vendo nada digno de nota, e então ouviu uma risada rente ao chão. Uma gnomida loira de coque o encarava, as mãos entrelaçadas com delicadeza enquanto observava o financeiro Renegado.

— Oi! — cumprimentou a gnomida. Ela não lhe parecia estranha, mas Atanásio preferiu não arriscar. Além do que, ele achava todos os gnomos iguais, embora não ousasse dizer isso em público. Ainda mais depois da última vez.  

— Meu nome é Crona! Que bom ver você de novo. Ou será que ainda não nos conhecemos...?

Atanásio a observava tagarelar sobre vórtices e anomalias temporais, justa-não-sei-que-lás e efeitos borboletas, incapaz de entender bulhufas do que ela estava dizendo. Por fim, já cansado do falatório, ele a interrompeu:

— E então, o Espírito dos Véus de Inverno passados é você, afinal?

— Espírito dos... AH! Sim, como não? Euzinha. Eu sou Crona, o Espírito dos Véus de Inverno passados. Nós estamos atrasados!

— E quem vive de passado não está sempre atrasado?

— É mesmo, você não tem como entender — refletiu ela, agarrando-o pela túnica e fazendo com que o mundo ficasse esquisito de repente.

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De repente, os dois se encontravam à entrada de uma pequena escola. Atanásio reconheceu na hora o lugar onde descobrira o poder dos números, em uma época de sua vida marcada por grandes promessas e grande tristeza. Ainda não havia a Fazenda Bosque Defumado. Nada de Pacote de Presentes nem Roda de Queijo de Festa, enfim, tempos negros. Mas havia os números. Números lindos, lindíssimos, e as promessas que eles guardavam.

— Eu me lembro daqui — recordou-se Atanásio. — Eu ainda era menino. Me lembro das maravilhosas horas de aritmética enquanto as outras crianças iam passar o Véu de Inverno em casa.

— Você se lembra disso? Ah, ainda bem, sorte minha! Mas é, é verdade... você nunca se deu muito bem com os seus colegas. Sua única amiga era a calculadora.

— Bons tempos, né.

— Mas você não tinha dinheiro.

— É... bom, essa parte era terrível mesmo — resmungou Atanásio. – Qual é o objetivo de me mostrar essas coisas, espírito?

— Objetivo nenhum. Eu não sabia muito bem aonde íamos parar, fico feliz que você tenha reconhecido o lugar. Vamos para a próxima parada!

Crona o agarrou outra vez, puxando-o para perto de si. Ela pareceu confusa por alguns instantes e então tudo voltou a ficar esquisito.

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Outra celebração de Véu de Inverno compunha a cena, e a música permeava o ar. Atanásio logo percebeu se tratar da festa de Furdúncilo, seu chefe worgen, com bastante fartura de delícias da Fazenda Bosque Defumado para os convidados. Era um verdadeiro festival gastronômico ou, em outras palavras, festa para ninguém botar defeito. Um banquete para olhos e ouvidos, e todos estavam felizes... menos Atanásio.

— Fantasma, para que me atormentar com tais visões?

— Que visões?

— Para que me mostrar essa festa e esses momentos do meu passado? Que lição vou extrair disso? — lamentou ele.

— Ah, sim. O passado... Eu achei que tivesse mandado você para o presente. O seu presente, não o meu. Pela Luz, seria estranho à beça levar você ao meu presente, não seria?

Então Crona se meteu a dar outra palestra chatérrima sobre tempo e espaço da qual pouparemos vocês graças a estas ofertas imperdíveis dos nossos patrocinadores!

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— Como se pode ver — continuou Crona —, desde aquela época até hoje se compram produtos Fazenda Bosque Defumado para compartilhar no Véu de Inverno. É assim que a Fazenda enriquece e todos saem ganhando. — Se não foi isso, foi algo parecido. Era o que eu teria dito no lugar dela.

Atanásio ainda não tinha se convencido quando ela o agarrou pela túnica mais uma vez. No instante seguinte ele se encontrava de volta na cama, derrubando as moedas cuidadosamente empilhadas. A última coisa que ouviu foi a risada de Crona esvaindo-se no ar frio da noite. Ele torceu para que ela o tivesse trazido de volta ao presente. Conferiu o relógio para ter certeza. Era uma e meia, Atanásio teve sorte. Mais um segundo e teria se atrasado.

Ele teria suspirado se fosse capaz, mas em vez disso resolveu contar suas moedas. Sabia que ainda faltavam dois espíritos para ficar livre. Será que aqueles inconvenientes não percebiam que ele tinha coisas mais importantes a tratar?

A condição em que se encontrava era triste. Atanásio era um sujeito mesquinho, que preferia guardar seu ouro a reinvesti-lo no desenvolvimento da Fazenda Bosque Defumado, ajudando-a a se transformar no maior nome da indústria de alimentos e bebidas. Triste, muito triste mesmo.

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Nós vamos continuar a lição de Atanásio Lunfas na terceira parte de Uma história de véu de inverno na segunda-feira, dia 21 de dezembro.